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Ex-presidente do Uruguai morreu nesta terça-feira (13), aos 89 anos. Ele governou o país entre 2010 e 2015 e promoveu uma agenda progressista inédita na América Latina. Mais jovem, lutou contra a ditadura e foi torturado. Mujica foi ícone pop da esquerda e referência de vida simples; conheça trajetória
José “Pepe” Mujica, ex-presidente do Uruguai, morreu nesta terça-feira (13), aos 89 anos. Ele governou o país entre 2010 e 2015. A informação foi confirmada pelo atual presidente uruguaio, Yamandú Orsi, visto como um dos herdeiros do líder uruguaio.
Em abril de 2024, Mujica anunciou que estava com um tumor no esôfago, com o órgão “muito comprometido”. Ele também afirmou que seu quadro de saúde era "duplamente complexo", já que sofria de uma doença imunológica há mais de 20 anos que havia afetado os rins.
Ex-guerrilheiro e militante de esquerda, o político lutou contra a ditadura e foi torturado. Em seu governo, promoveu uma agenda progressista inédita na América Latina, ao tornar o Uruguai o primeiro país sul-americano a legalizar o aborto e a regulamentar o mercado da maconha.
Relembre abaixo frases marcantes de Mujica
“Temos de escapar da escravidão que impõe a dependência material, que é uma das coisas que mais roubam tempo na sociedade contemporânea", disse, durante um seminário na campanha eleitoral de 2009.
"A política me encanta e não gostaria de ir, mas a vida me encanta mais", declarou, em 2020, quando anunciou que deixaria o cargo de senador do Uruguai.
"É possível ser feliz com pouco. Não faço apologia à pobreza. O que quero fazer é apologia à sobriedade. Olha o meu celular, parece um trator", refletiu, em entrevista no programa "Conversa com Bial", em 2017.
"Estamos governando a globalização ou é a globalização que nos governa? É possível falar em solidariedade e em 'estamos todos juntos' em uma economia baseada na concorrência desenfreada? Até onde vai a nossa fraternidade?", questionou, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que aconteceu em 2012, no Rio de Janeiro.
"Porque não viemos ao planeta apenas para nos desenvolvermos, assim, de forma geral. Viemos ao planeta para sermos felizes. Porque a vida é curta e passa rápido. E nenhum bem vale tanto quanto a vida — isso é o essencial", acrescentou, durante a Rio+20.
"A grande crise não é ecológica, é política", afirmou, também durante a Rio+20.
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"Eu não sou pobre, eu sou sóbrio, de bagagem leve. Vivo com apenas o suficiente para que as coisas não roubem minha liberdade", declarou, em diversas ocasiões.
"Não é bonito legalizar a maconha, mas pior é dar pessoas ao narcotráfico. O único vício saudável é o amor", disse Mujica, que regulamentou produção, venda, distribuição e consumo de maconha no Uruguai.
"O casamento gay é mais velho do que o mundo. Tivemos de Júlio César a Alexandre, o Grande. Dizem que é moderno e é mais antigo do que todos nós. É uma realidade objetiva. Existe. E não legalizar seria torturar as pessoas desnecessariamente", declarou, no contexto das discussões sobre a lei que reconheceu o casamento entre pessoas do mesmo sexo, no Uruguai.
"Legalizando e intervindo, é possível conseguir que muitas mulheres voltem atrás em sua decisão, sobretudo aquelas de setores mais humildes ou que estão sozinhas", afirmou, sobre a legalização do aborto no país, aprovada em 2012.
"Tive que aguentar 14 anos em cana. (...) Nas noites que me davam um colchão eu me sentia confortável, aprendi que se você não pode ser feliz com poucas coisas você não vai ser feliz com muitas coisas. A solidão da prisão me fez valorizar muitas coisas", declarou. Quando jovem, o guerrilheiro Mujica passou 14 anos preso, sendo parte do tempo em um calabouço.
"Estou doente e velho. Tenho as duas coisas. Minha cabeça funciona bem, mas o resto, o estômago, um desastre. Mas, enfim, estou indo", afirmou a jornalistas em março de 2025.
"Sou um velho partindo. Precisamos trabalhar pela esperança. Eu te entrego meu coração. Preciso agradecer à vida porque, quando estes braços partirem, haverá milhares de braços para me substituir. Adeus", disse, em 2024, em discurso durante ato de encerramento de campanha.
"Quando meus braços se forem, haverá milhares de braços substituindo a luta", afirmou, em outubro de 2024, em tom de despedida.
"Sim, eu estou cansado, mas isso não para até o dia em que me coloquem em um caixão ou quando eu for um velho esquecido."
Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai
Ricardo Stuckert / PR